Amigo Wladimir fala sobre Sócrates: "Era privilegiado e diferenciado"

Alexandre Massi/Globoesporte.com

Na manhã desta segunda-feira, dia 5 de dezembro, Wladimir, ex-jogador do Corinthians, era retrato do sentimento dúbio que ficou nos torcedores alvinegros em relação ao dia anterior. O domingo começou com uma notícia que abalou o país. Logo às 4h40 da manhã, através de um boletim médico, foi confirmada a morte do ex-jogador Sócrates, aos 57 anos, um dos ídolos da história do time do Pq. São Jorge. Pouco mais de 12 horas se passaram e o time se consagrou campeão brasileiro pela quinta vez
Corintiano de coração, Wladimir foi um dos poucos ex-colegas que compareceu ao velório de Sócrates. O lateral direito atuou com o amigo nos anos 70 e 80 no Timão. O ex-atleta não cansava de contar histórias que viveu junto com o “Magrão”, como era conhecido pelos amigos próximos. Visivelmente abalado, Wladimir tentou explicar o dia anterior, exaltando o amigo que deixará saudades, não apenas para ele, mas para o futebol.
"Lamentável. Perdemos um grande companheiro e uma grande figura do futebol brasileiro", disse. "O Sócrates personificou boa parte da história do Corinthians. Apesar da vitória nacional, que realmente foi merecida, foi muito triste, sentiram muito a ausência dele", disse o atleta, se referindo à Nação alvinegra.
Sócrates sempre foi um jogador de futebol diferenciado. Preocupado com sua formação, se tornou médico. Pensando no futuro político do país, fez parte da Democracia Corintiana e do movimento Diretas Já durante os últimos anos de ditadura. Cobiçado por clubes da Europa, prometeu que se a emenda Dante de Oliveira, que estabeleceria as eleições diretas no País, fosse aprovada, ele permaneceria no Corinthians. Como isso não aconteceu, acabou se transferindo para a Fiorentina, da Itália, em 1984.
Questionado sobre as maiores qualidades do amigo e o legado que o "Doutor" teria deixado, Wladimir não demorou a lembrar de vários pontos a serem eternizados na memória de quem o conhecia e admirava. "Eu diria que a autenticidade dele e o espírito de cidadão que ele sempre mostrou fazia diferença. No momento das Diretas Já, que ele declarou que não sairia do Brasil caso a emenda passasse, quem faria isso? quem fez?", lembrou. "Ele, intelectualmente, era privilegiado e diferenciado", completou.
Ao tentar lembrar um momento marcante vivido pelos dois, Wladimir teve mais dificuldades, uma vez que o repertório era vasto, mas ressaltou a Democracia Corintiana, que acabou favorecendo o clube e os jogadores, sendo muito lembrada até hoje.
"A gente conviveu muito, diariamente, tenho diariamente passagens muito legais. O momento de conseguir mobilizar atletas com um movimento, que devolvemos a nação o direito de eleger presidentes, foi o mais maravilhoso", finalizou.